“Filho meu, guarda o mandamento de teu pai
e não deixes a instrução de tua mãe;
Ata-os perpetuamente ao teu coração,
pendura-os ao teu pescoço.
Quando caminhares, isso te guiará;
quando te deitares, te guardará;
quando acordares, falará contigo.
Porque o mandamento é lâmpada,
e a instrução, luz;
e as repreensões da disciplina
são o caminho da vida.” Pv 6.20-23
Sempre quis ter filhos inteligentes. Muito
inteligentes. E também lindos, educados, não tão estabanados como a mãe, enfim,
perfeitos em tudo, ou pelo menos quase tudo. Quando a Mel nasceu, percebi que
corria sério risco de esperar demais dela, de colocar sobre ela todas as minhas
expectativas, e isso, certamente, geraria frustração. Nossos filhos não são
exatamente como queremos que sejam. E não são, definitivamente, um instrumento
para realizar tudo aquilo que queríamos para nós mesmos e não conseguimos.
É fácil compreendermos isso, mas não tão fácil não
permitir que as nossas frustrações decorrentes das próprias limitações se
derramem sobre nossos filhos. Eu queria que eles fossem perfeitos, mas não são.
São humanos, assim como eu. São também pessoas diferentes de mim. Podem ser
hábeis naquilo que eu não sou, ou podem carregar fraquezas semelhantes às
minhas.
Reflito, então, acerca do dever dos pais nessa
missão de aperfeiçoar os filhos, sem querer fazer com que sejam o que não são.
A educação é, sem dúvida, fator de transformação. Nossas crianças são pedras que
precisam ser lapidadas. Mas até que ponto?
Imagino, então, um elástico. Se pego um elástico em
minhas mãos, sei que posso esticá-lo. Sei também que há um limite para isso. Se
eu puxar mais do que ele suporta, arrebentará.
Para mim, crianças são elásticos. Não apenas um, mas
um conjunto deles. É como se para cada habilidade diferente a criança tivesse
uma capacidade inata. Um elástico. Há elásticos de todos os tamanhos, e todos
eles podem ser esticados até um determinado limite.
Entendo, então, que cada criança possui capacidades
específicas que podem ser desenvolvidas ou não. E aí entra o dever de instrução
dos pais. Meu filho pode ter uma grande habilidade (ou um grande elástico)
musical. Mas pode ser que eu nunca explore essa habilidade. Pode ser que tenha
um pequeno elástico para linguagens, mas que eu o estique tanto que se torne
maior que o de alguém que possuía um bom elástico, o qual nunca foi esticado.
E assim educamos nossos filhos, descobrindo suas
habilidades e propiciando o desenvolvimento daquilo que julgamos mais
importante. E sempre sabendo que eles podem não ter um bom elástico para aquilo
que mais queríamos, o que não nos dá o direito de nos frustrar. Eles são
únicos. Perfeitos, sim. Pois são exatamente como Deus os planejou.
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