“A sanguessuga tem duas filhas, a saber: Dá, Dá.” Provérbios
30.15
“... aprendi a viver contente em toda e qualquer situação.”
Filipenses 4.11
Meu pai conta uma história cuja origem, reconheço, não sei.
É a história de um pai que, um dia, ao ver sua filhinha chorar copiosamente foi
saber-lhe os motivos.
_ Por que chora, minha filha?
_ Porque eu quero uma minhoca!!! Buá buá buá!!!
_ Mas uma minhoca? Para que você quer uma minhoca?
_ Eu quero! Eu quero! Eu quero!
E o pai, não resistindo ao pranto da filha, cavou a terra do
jardim até encontrar uma minhoca gorducha, a qual entregou à menina.
_ Buá buá buá!!!
_ Por que ainda chora? Aí está sua minhoca!
_ Mas eu quero comer a minhoca!!! Buá buá buá!!!
_ Minha filha, não se comem minhocas!
_ Eu quero! Eu quero! Eu quero!
E o pai resignado limpou a pobre minhoca, colocou-a no prato
e entregou à criança.
_ Buá buá buá!!!
_ Mas o que foi agora? Aí está a minhoca! Pode comer.
_ Mas eu quero é frita!!! Buá!!!
_ Eu não vou fritar uma minhoca! Isso é um absurdo!
_ Eu quero! Eu quero! Eu quero!
E foi o pai esquentar o óleo para fazer uma minhoca
crocante.
_ Pronto. Aqui está sua minhoca.
_ Buá buá buá!!!
_ Por que ainda está chorando? Coma a minhoca frita!
_ Tem que partir no meio. E você tem que comer metade.
_ Nem pense que vou comer essa minhoca com você!
_ Eu quero! Eu quero! Eu quero!
E o pai, que muito amava sua filha, acabou por partir a
minhoca ao meio e, fechando os olhos, rapidamente engoliu uma metade.
_ BUÁ BUÁ BUÁ BUÁ _ esguelou a menina _ você comeu a metade
que eu queria! Agora não quero mais!!! Buá buá buá.
Essa história muito tem me feito refletir. Claro que, como
pais que amam seus filhos, queremos atender-lhes as vontades sempre que
possível. Mas será que isso é o melhor para eles? Ou qual é o limite para
concedermos aquilo que querem? Há uns dias estávamos jantando e o Miguel, que
tem 1 ano e 10 meses, pôs-se a chorar. Logo percebemos que ele queria era
trocar sua colher com a do pai, que ele achou mais interessante. Ok. Prontamente
o Daniel lhe entregou a colher: toma, meu filho, pode pegar a colher do papai,
mas agora tome a sopa. Que comer que nada! Agora era o prato que não estava
legal! Trocamos. Adiantou? Que nada! Ele logo chorou por que não estava com
fome e não queria comer era de jeito nenhum. Comemos uma minhoca e meia e o
menino continuou a chorar.
Não queremos ver os nossos filhos chorando. Primeiro porque
não gostamos que sofram. Segundo porque é um porre chegar em casa do serviço
morrendo de cansaço e na hora da janta ter que aguentar uma birra. Melhor
entregar logo a colher (ou comer a minhoca). E eu tenho comido muitas minhocas.
E, para falar a verdade, não conheço nenhum pai ou mãe que não as coma de vez
em quando. E então, pensando na minhoca, me veio à mente aquele versículo de
Provérbios tão estranho à primeira vista. A
sanguessuga tem duas filhas: dá, dá. O não satisfazer-se é natural ao ser
humano. O contentamento deve ser ensinado
às crianças, não é inato. Não quero fazer de meus filhos sanguessugas que só
sabem dizer dá, dá, sem nunca estarem satisfeitos. Mas o que fazer? Não dar a
colher? Mas o que me custa dar a colher ao pobre do menino? Onde eu paro? Na
hora de cavar o buraco, de fritar a minhoca, ou só na hora de comer? Para mim,
o certo é nem cavar o buraco. “Meu filho”, nós deveríamos ter dito, “essa
colher é a do papai, a sua é a outra. Cada um tem a sua colher.” Ele choraria
por uns bons minutos, mas logo se cansaria e entenderia que tem que se
contentar com o dele. Pronto. Simples? Que nada. Antes de pensar eu já comi a
minhoca. Mas comendo minhocas não conseguiremos que nossos filhos aprendam, como o apóstolo Paulo
aprendeu, a viver contentes em toda e qualquer situação. E certamente essa
aprendizagem não é fácil. Não o foi para Paulo e não será para nós nem para
nossos pequeninos. E assim vamos, pedindo a Deus sabedoria e tentando não comer
muitas minhocas, mesmo que pareçam apetitosas.
Que legal, Ro! Adorei o blog e o post! Agora é divulgar! Quanto à minhoca, o Lincoln, meu amigo, tem uma versão diferente dessa história, na qual ao invés de minhoca, é merda mesmo que o pai come, eca! Prefiro a versão minhocal. Vai escrevendo ai. Depois que eu tiver aprendido bastante com você, quem sabe me animo a arrumar uma encrenquinha dessas que faz a gente comer minhoca.
ResponderExcluirRo, tem que colocar o ícone dos seguidores, e a opção de seguir o blog aí!
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